quarta-feira, 21 de abril de 2010

Rapiado

É aprisionado pelo metrô
Vai à tevê procurar o seu amor/valor
Fala do nordestino como um grande salafrário
Mas não sabe a causa de seu baixo salário
Não acredita em nada
Apenas tem fé
Vira estatística
Mais um objeto qualquer
Que não sabe a sua história
Que não sabe o porque
Talvez pra comprar o pão
Ou pra trabalhar pro patrão
E levar mais uma vida vazia
Correria, correria, correria
Um objeto qualquer
Como seu pai espatifado no chão
Menos um pai
Mais um morto
Mais um filho torto
A se virar como louco
Mas ele não quis saber
Mas seu avô veio um dia trazendo o maculelê
Ele queria era caçoar
É nordestino, preguiçoso
É nordestino, horroroso
Mas ele não quis saber
Correria, correria, correria
E ele se achava esperto por nunca ter ouvido: "menino, caminho da roça"
Mas mesmo trabalhando duro em seu caminho tava a ROTA
A lhe pedir documento, dar batida em sua casa
A virar a casaca, dar palpite, coisa e tal
Mas ele não quis saber
Mas seu avô veio um dia das bandas de Mucugê
Ele queria era caçoar
"É baiano, preguiçoso, vagabundo, horroroso"
Assim, podemos ver que esse tal sujeito
Renegou o seu passado
Cuspiu na pia de prato
É um traído traidor
Um enganado enganador
Mas se for pra revirar tudo vira conversa comprida
Muito chata e repetida
E esse tal sujeito é um homem nacional
Que renega a sua história, e o resto, etc coisa e tal.

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