sábado, 18 de agosto de 2007

VERBOS

O MAL DO ARROGANTE É O PRESENTE DO INDICATIVO
O MAL DO VACILANTE É O PRETÉRITO IMPERFEITO
O MAL DO NOSTÁLGICO É O PRETÉRITO PERFEITO
O MAL DO DEMAGOGO É O FUTURO DO PRESENTE
O MAL DO IDEALISTA É O FUTURO DO SUBJUNTIVO
O MAL DO ENROLADO É O GERÚNDIO
O MAL DO CONTEMPLATIVO É O FUTURO DO PASSADO

O NOSSO MAL ESTÁ EM TODOSOS TEMPOS

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Cardumes de gestos

Paisagem na Neblina”, filme de Theo Angelopoulos

Dia a dia a face que muda lentamente
Segue rápido nas trilhas por cardumes de gestos
(indigestos?)
O olho vai câmera lenta percebendo atos abruptos
Ninguém sabe quem inventou velhos pactos
Mas todos pretendemos fechá-los a-mi-ga-vel-men-te
Viver como se quer é mais difícil quando não se sabe
Mas talvez saberemos um dia
De incertezas em incertezas o que é mais forte vai se implantando de vez
E os olhos vão vagueando
Achando que tem horizontes
A outra ponta de areia nunca veremos no mar
E mais distante que tarde
As metas não serão alcançadas
Colecionando idéias
O dicionário não oferece a melhor palavra
No armário, as coisas
Estão protegidas do uso e de nós
E por isso estamos a procurá-las
Somos uma ameaça?
Somos uma ameaça!
E crentes nisto seguiremos (em frente?) fortes como um líder cheio de infiéis parceiros
De manhã o passo é firme
Mais tarde um pouco, há fome
A fome é forte
Lá pela tarde (lapela à parte)
O sono é certo
E voltamos cabisbaixos para a cama
Imóvel um homem finge sofrer tentando alegrar-se
Não é uma idéia absurda, parece que é isso que delas queremos
Um outro homem finge ser herói
Fala como um rei, exercita-se como apolo
Mas esses dois homens estão juntos e somente existem por se ignorarem mutuamente
O toque no braço imóvel fará o pé arrastar-se
Atrito, areia e carne marcarão para sempre as calçadas
Não tem fama certa
E se você não sabe
Quem mama chora
E ainda que piegas
Pagaremos o ingresso pra ver
Pois só vive quem mata pra comer
Senão uma planta, um gesto
Senão uma ave,uma dor
Senão uma ovelha, um pária
Senão o amor,um humano
E ainda que óbvio é preciso ser dito o patético
E essa palavras se dissolverão
Como todo ar no sólido
Catando fragmentos teremos de novo o velho todo
Vamos acenar eufóricos
Como se fosse uma surpresa
Como uma criança que finge não ver a outra
Brincando de se esconder
E assim saudaremos o dia
Saudaremos o ano
Saudaremos o milênio
Nesses cacos de eras
Somos ao acaso

(junho de 2001, em homenagem ao novo milênio)

sábado, 21 de julho de 2007

Rosebud




Rosebud,

O nosso Cidadão Kane foi-se. E com uma cara esfingíca, suas últimas palavras foram: "E pra que tudo isso?". Eu arrisco a solucionar - Rosebud.

A história apunhalou um tigrão cruelmente, devolvendo-lhe todos os seus bilhetinhos com pequenos e grandes pedidos, cobrando com juros despotismos e vaidades. Deu adeus no ascetismos branco do hospital, longe do calor da política. Ali, onde quase nunca se pensa numa história, mas num rim, num fígado, num pulmão, num corpo repartido, retalhado. Na mão de algum tecno-tirano.

Foi-se, não como o filho, no auge, mas ali, num crepúsculo, vendo o fim não apenas de sua própria vida, mas de seu modelo, do seu estilo, e o que mais lhe doeu, sem ter a chance de chegar para o natural herdeiro e professar: "Filho, um dia isso tudo vai ser seu."

Agora, nas esquinas o exercício da "praga com cerveja" deverá achar um novo algoz, nessa nossa lógica do "Senhor e do Escravo".

Um tempo mais escorregadio se instala- escravos e senhores não aceitam a reconhecerem-se como tais.

Era tão mais fácil o tempo em que achávamos as soluções lendo a Arte da Guerra de Sun Tzu
(clique para baixar o livro), ou o Princípe de Maquiavel (click aqui para baixar o livro).

Agora, Rosebud...

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Toda prova tem um crime


Eu sou uma assassina
Hoje mesmo peguei meu coração
Segurei forte com as duas mãos
Espremi tanto, até não restar mais nenhum sentimento
Até ele ficar branco de tão sem graça
Mas não sou uma profissional na arte de estrangular emoções
O crime não foi perfeito
A prova ainda está na minha mão
Agora é pior, os sentimentos não estão mais guardados no meu coração
Estão jorrando da minha mão

terça-feira, 10 de julho de 2007











CONTRIBUIÇÃO A ANDY WARHOL
OU
ESTÉTICA DA GUERRA COTIDIANA
OU
MISS SUPERMARKET
OU
CAMPEÕES DE AUDIÊNCIA
OU
CESTA PLÁSTICA BÁSICA
quais produtos faltaram?
































quarta-feira, 4 de julho de 2007

CLARIS





O Porquê de eu estar escrevendo sobre "A Paixão Segundo GH"

Descobri tardiamente Clarice Lispector, confesso, mas ainda a tempo. Não que eu sofresse com o estorvo de não gostar de ler, é que a minha adolescência foi tomada demais pelos "clássicos", é assim que os militantes chamam as leituras nem sempre divertidas de Marx, Engels, Lênin, Trotski, Rosa de Luxemburgo, ... Dessa época agradeço ter conhecido Maiakovski, a excelente reportagem de Jonh Red em "Dez Dias que Abalaram o Mundo", e a grata surpresa de saber que Trotski era muito mais intelectual que militante.

Bom, a descoberta séria de Claris (é assim que passo a chamá-la) deve-se à psiquiatra e psicanalista Denise Stefan. Sim, foi através da sua dissertação de mestrado que pude ver CL sob uma outra ótica, antes ela era pra mim apenas uma escritora de quem se falavam muito (e eu estava "ocupadíssima" com os clássicos).


Mas os meus escritos são pura literatura, é só catarse. Acredito que a Paixão Segundo GH não seja um livro que quando se acabe de ler, é só fechá-lo e volta-se à normalidade. Não. Por isso eu não quis escrever sobre "A Paixão Segundo GH" eu TIVE que escrever, foi imperativo, me invadiu. Além, do mais sou de Claris uma navegante de primeira viagem. E como quase todos pertecentes a essa categoria, não raro são tomados de certo deslumbramento (ou encantamento?)
Bom, é isso.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Automatismo Psíquico



Automatismo Psíquico, Surto ou a Explêndida Lógica dos Loucos?



Quando comecei a ler a Paixão Segundo GH ¹pensei de cara "isso é automatismo psíquico puro". Aí fui como quem quer mais do mesmo, e descobri uma quase obsessiva lógica, onde o início deve repetir exatamente o final.


A personagem, de Clarice Lispector, debate-se consigo mesma, e faz da sua casa um outro grande estranho com o qual tem que se confrontar. A casa não como aconchego, a concha do ego, mas como perdição, como o inóspito, o novo assustador inevitável de todos os dias. E o mais terrível, que ali, dentro do que deveria ser a concha, o caracol.


E o que Claris faz para ilustrar esse assombramento com o novo, com o descobrimento? Qual a alegoria, a metáfora? Ela transforma os seus labirintos internos em espaços da casa:



Ontem de manhã - quando saí da sala para o quarto da
empregada - nada me fazia supor que eu estava a um passo da descoberta de um
império. A um passo de mim
(p.19)


Naquela manhã, antes
de
entrar no quarto, o que eu era? (p.19)


O apartamento me reflete (...) Como eu o apartamento tem penumbras
e luzes úmidas,
nada aqui é brusco; um aposento precede e promete o outro. Da
minha sala
de
jantar eu via as misturas de sombras que preludiavam o living.
(...) minha
casa é uma criação apenas artística. (p.26)


Olhei a área interna, o fundo dos apartamentos para
os quais o meu
apartamento também se via como fundos. Por fora meu
prédio
era branco, com
lisura de mármore e lisura de superfície. Mas por
dentro a
área
interna era um amontoado oblíquo de esquadrias, janelas, cordames e
enegrecimento de chuvas, janela
arreganhada contra janela, bocas olhando
bocas.
O bojo do meu edifício era
como uma usina. A miniatura da
grandeza
de um panorama de gargantas e canyons(31)


O que eu estava vendo naquele monstruoso interior de
máquina, que
era a área interna de meu edifício, o que eu estava vendo
eram
coisas feitas,
eminentemente práticas e com a finalidade
prática.

Mas algo da natureza terrível geral - que mais tarde
experimentaria em mim - algo da natureza fatal saíra fatalmente das mãos da
centena dos operários práticos que havia trabalhado canos água e de esgoto,
sem
nenhum saber que estava erquendo aquela ruína egípcia para a qual eu agora
olhava com o olhar de minhas fotografias de praia. (p.
31-2)



E diante dessa casa labirinto de um eu, segue a personagem GH, invadida pela cruel banalidade da vida, das paredes radicalmente brancas, das baratas, seres milenares, que assustadoramente prosseguem por eras passeando sobre nossas ruínas.

Onde pra mim havia uma absurda escrita, revela-se aquilo que sempre tentamos esquecer, esconder, os cantinhos da casa, as baratas, o pó, os ferros retorcidos. Tudo revelado como um grande anti-clímax, um anti-suspense, qual a sina de GH? Seria lamber as eras incrustadas nas pré-históricas baratas pós-modernas?


1. LISPECTOR, Clarice (1925-1977). A Paixão Segundo GH. 6ª edição - Rio de Janiero: Nova Fronteira, 1979

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Eufemismos para o Brasil

Essa overdose de informação que agora dispomos é geradora de muitas tensões e sofrimento. Como escolher o que ler, o que ouvir, o que gostar? Transformando informação em conhecimento... às vezes, penso que se trata apenas de quimeras daquelas cartas de intenção de parâmetros curriculares. "Ah, vamos promover o planejamento participativo dos aprendentes".
E lá se vão mais diretrizes a serem seguidas.

É engraçado como agora as coisas passam a ser outras coisas apenas pela troca de seus nomes. Aluno virou aprendente, professor, agora é facilitador, trabalhador, peão mesmo, agora é colaborador. Só o que ainda não mudou o nome foi o dinheiro, que mesmo tendo suas inúmeras variantes - cartão de crédito, investimento - continua sendo dinheiro, money, dim dim, grana, bufunfa, ....

Incentivar que os países pobres passassem a ter uma rotulagem mais atraente, gerou uma mudança de fato?

O Brasil passou a ser "emergente". É, pode ser mesmo, mais que nunca suas mazelas estão emergindo. Pelo menos podemos nos confortar em saber que a guerra civil em que sempre vivemos saiu do anonimato, passou a ser declarada, ganhou as manchetes. Agora já podemos em nos distrair tentando inventar um grande eufemismo para ela, nós, colaboradores.

Eu continuo às voltas tentando escolher direito o que ler, o que ouvir, o que pensar

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Declaro agora uma intenção de amor

Meu coração é um barco ébrio. Não é um Nautilus. Quem um dia irá me validar? Se os meus amores são efêmeros , são amortes, e agora descubro uma Claris . Estaria eu tão distante do presente? É o que me foge, o presente. E eu minto. E você me diz que somente o profundo lhe arrebatará a pele. Sou eu a pele. Ainda que escondida, tenho me esforçado bastante. A sua boca, os seus olhos, tortos, são pra mim o escondido óbvio. A quem cabe vestir esse casaco de vison? São os meus sentidos. Declaro agora uma intenção de amor.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Ainda sob efeito de G.H.

Goya
Os objetos inanimados também têm vida.


Eu fiquei horas diante daqueles refúgios da casa que não ousamos encarar. Ampliando como um microscópio de varredura a superestrutura não vista do prédio - ferros retorcidos, pedaços de ossos e peles de operários que estavam ali, entre o que eu achava que era e o invólucro. A casa me causava tanto espanto quanto a barata a GH. Canos escorrendo água e cabelos soltos pelo chão.

"É que um mundo todo vivo tem a força de um inferno".


E assim, imagino os loucos com superpoderes auditivos visuais, táteis, olfativos, todos os sentidos ampliados. Não, eu não suportaria isso por muito tempo, mesmo sentido, às vezes, o latejar intenso de coisas - mortas ou vivas - , decreto por instantes a minha morte, só por defesa, só pra estar viva.


Eu acredito nos loucos, realmente eles são deuses, eles vêem muito mais que eu, sentem mais, ouvem mais, e não barram, são como vidro translúcido. Tudo passa. Os carros, as construções, o bebê chorando, os ônibus, as ondas do mar, a serra elétrica, a usina nuclear, o avião, o sexo drogas na esquina, a esquina, as crianças da esquina, o nascer, a dor, o riso, sabemos que tudo isso existe, mas sabermos disso tudo de uma só vez é alucinação. Não quero.


Bendita surdez, bendita miopia, bendita cegueira. Bendita estupidez.

Sob efeito de G.H.


Meu coração derretido num milk shake de amora

Seu copo branco, seu canudo agora são meu universo

Espero só a próxima sessão de cinema para eu terminar junto com ela

Os objetos inanimados também têm vida

Estranhos e íntimos

imagem
Aquele angústia tomou conta de nós, mesmo.
Como nossa grande aliada, ela vasculha a casa, e espanta qualquer outro fantasma que por ventura venha tomar o seu espaço. Ela é espaçosa, grandiosa no seu terror, nos consome como qualquer outra droga, vai, vai, vai, vai fazendo a cama nos nossos quartos. Você já não diz não. Eu apenas olho como se fosse inevitável, eu lhe dou a mão, mas ela está gélida, pois o calafrio vem nefasto. A sua pupila reflete o teto, ele é cinza e nada, nem a goteira, faz com que você se proteja, nos proteja, nos salve.
Você tá branco, o suor escorre e se junta ao corpo líquido da casa ... plic, plic, plic
Por um momento, olho e lhe vejo sem mãos — mas era só um símbolo, um símbolo para a nosso inércia. Que diferença faria se você estivesse amarrado? Você parece ler os meus pensamentos, e quer se recompor, não se mostrar tão frágil, então perde da pupila aquele teto chapado, vira-se e com grande sacrifício passa a ter na retina a janela aberta, como se a mim quisesse provar. Mas nem a mais doce lembrança da sua infância, nem aquele seu prato preferido, nenhum pequeno prazer, nem a mediocridade, nem o lusco-fusco ... lhe faria agora acreditar, e eu ...
Piazzolla faz a festa com um bandoneón cor de prata envelhecida
.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Dia dos Namorados




Eles iam andando de mãos dadas ao longo do Muro em Chiapas, México.


O ônibus lotado, as flores amarrotadas, a Estação Pirajá às seis, as flores saem de cena e dão lugar a uma outra poesia.


Sairam como loucos desvairados iam juntos na quebrada, cumplices, tomaram cicuta juntos.


Ele disse à mãe, o outro disse ao pai. Tinham combinado, iam agora namorar na frente de todos. Neste dia ficaram trancados, aquele mundo era pequeno demais.


quarta-feira, 16 de maio de 2007

Função Fática



!!**TITI**!! diz:
rsrsrsrshaeuheauheuaheuyahhueuyha

+++DU;) diz:

rarsrsrsrshahueuuerheuehsueheuehsuehsu

!!**TITI**!! diz:
ontem foi bala aiuaiauaiauaiauaiauaiauaiaua

+++DU;) diz:
o q rlou????????

!!**TITI**!! diz:
fab me ligou e blalalalalalalalalalalalala

+++DU;) diz:
q merda!!!!!! ele pdria t dto ibibibibibibibibibibibibibi

!!**TITI**!! diz:
dps agnt se blablabalblablablbalblablablablablabla

+++DU;) diz:
agr eu vo fze xixixixixixixixixixixixixixixixixixixixixi

!!**TITI**!! diz:
ta eu vo fzer cocococococococococococococococococo

terça-feira, 15 de maio de 2007

O Vampiro de Curitiba Narra o Jogo




O VAMPIRO DE CURITIBA NARRA O JOGO
OU
A VELHA É CEGA, MAS NÃO É SURDA






Adaptado de trecho do conto "Na Pontinha da Orelha"
de Dalton Trevisan in O Vampiro de Curitiba



... e rolou, e rolaram os dois... Largou-a um instante, eeeeeeeeee, com um repelão desfez-se da camisa [sem se importar com a falta]. Mão frenética nas prendas - delicioooosas - , encontrou, encontrou [você consegue] a lasca da saia, e libeerrrta o único botão. [ele sabe,é um estrategista] um passo atrás e a saia desliza ao pé da moça. Ai, ai, ai, ai, aiaiaiaiaiaiaiaiaiaiai, NEUZA! Neuza, cheia de aflição, mas tranqüila, infalível, aflita, tranqüila, ela acerta, e geme baixinho, mas a torcida é cega, mas não é surda, e só mais uma cervejinha - Pô, por favor, por favor! PORRA FOR!
Desesperado, vitorioso, ergue-a com as duas mãos, assim cabem direitinho um no outro. O herói paira a nove centímetros do chão - como um Romário a completar seu milésimo gol. Responda depressa, quem é você? qual o seu nome? Mas antes que pudesse Ma'dona entra na sala e eles separam-se. Ma'dona, cega, e não surda, se queixa, por que estão tão quietos. Eles não podem ver, mas Ma'dona tem a boca lambuzada de cerveja e as mãos úmidas.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Bozo Devorador


A primeira década do século 21 insiste em copiar os anos 80. sua música, estética, seu kitsch. Seu "faça você mesmo", seu tosco!


A noite em bares underground de ssa sempre sorteando seus tipos noturnos e outras obviedades mais das noites em bares undergrounds de ssa (redundância, sic, necessária) .


O cara tinha os dedos e dentes verdes e as unhas ruídas - não pude descobrir se os dentes tornavam os dedos verdes ou o contrário. A barba por fazer só reforçava a cara de "sai daqui, não digo, sou violentamente inofensivo", seja lá o que isso quer dizer. Mas ele estava disposto a bancar "coisinhas" daqueles que estavam a fim de ser bancados, isso inevitavelmente tornam as pessoas mais tolerantes e toleráveis. É um acordo tácito que predomina na noite.
No irônico fim, foi só um vacilo e o cara dos dentes dedos verdes levou todas os maços de cigarro e sumiu com uma menina que mascava dizendo chiclete "faço marketing com ênfase em relações internacionais" e que estava ali mesmo pra descolar umas relações e uns trocados para a faculte e fingir-se de poliglota com um spenglish livin'la vida loka. E eu, bêbada, não entendia nem o que estava sobre a mesa, se um livro ou se os meus restos mortais.

Mas continuei, pois sofro da síndrome megalomaníaca PMA. O que???????? Essa é nova?! "Posso Morrer Amanhã". E pago pra ver e chego a achar que tudo é maravilhoso sobre a terra e amanheço ouvindo Meat is Murder do Smiths.

Doctor Moos-Green

Voltou. Esferas sulcadas violetas. Geléias verdes musgo e azuis. O laboratório aberto 24h, atendia sem nenhum tipo de carência. E era um domingo. E era uma temperatura indefinida. E eram grandes mãos. Um visgo frio colado à costas. Língua de vaca grudada ao útero. Tentativas de descrever um limbo.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Pollhyena

Colagem de André Breton




Os híbridos são ótimos. Desde que reconheci o sexo, comprovações florescem. Não serei a definição de. Quem busca listas passa longe dos meus caminhos. Por isso ando quase sempre só. O que pra mim é um grande alivio: minha maior paixão, curto melhor sozinha. O cinema, o escuro, e minhas elucubrações. O melhor lugar para se reconhecer suspensa, isenta da luz clara do dia e sua prováveis cobranças. Estou tentando novas sensações.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Sai da gaveta, sai do armário!

Clichês são uma boa maneira de dizer com esforço mínimo, então, lá vai: "quer se esconder, então se mostre". É o meu aforisma quase nietzchiano hoje.
Por dolorosos cinco anos, carreguei como um pobre diabo um sintoma depressivo, imobilizante, fóbico do qual venho saindo com análise, literatura, algumas pílulas e outros placebos.
Masturbações outras. Tou viva, o que não seria bem uma comemoração, talvez uma constatação fatalística. É, meus caros, quem já pisou nas calçadas de Maiakóvski sabe que Pollyana é lenda. Mas não cuspo em seres eternamente sorridentes, odiá-los é o meu maior gozo. Quase uma declaração de amor.