quarta-feira, 31 de agosto de 2011

meninogatoamendoim

meio dia!
os olhos brilharam,
- amendoim!, o menino gritou!
pequenas porções de vida doce
embalar sonhos com 1,00 R$ de planos
no futuro, satisfação agora
sua casa, minha sina
meus cartórios em quadratura com suas oito horas e cartões de ponto
beijo em seus pequenos intervalos
acarajé ao fim da tarde
junto com vento leve e primazia de outras promessas reconhecidas a um passo do sim
sem recomeço: a estrada não tem porteira nem fim
cante de novo - algodão doce, pipoca, roda gigante
euforias ao estilo de cores de bandeirolas, são joão, verduras e legumes na feira
o cheiro da infância na fruta doce de verão
acenar com possibilidades
destronar mazelas
frutificar a sorte pronta para quedas, poeiras, olhos, cinzas
meio dia e saber que ainda nos restam velocidades inteiras
das belezas dos nossos restos de dia sem dono
a formatação da dor tem cara nova para propostas velhas
mas sairemos ilesos se soubermos disso ao hastear nossa bandeira de outros escapes
sete vidas e o pulo do menino gato
amendoim, amendoim!

domingo, 14 de agosto de 2011

pulsando numa fotografia

vi ali algo mais ou menos como dizer não
você já teria voado
e meus passos foram incapazes de chegar aos seus
sua voz seus dentes
meu indiferente riso
meu olhar já capturado pela fábrica indigente
e o descompasso quando tento acertar
o ritmo compassado dos meus erros e o eco que eles fazem
prometendo imagens exatas do que já nem sou
e se eu nem me importar?
e se já não falo o que querem?
onde estará melhor os meus reflexos?
se o presente é um tempo que evitamos tanto
se o futuro é todo o nosso projeto de vida
o dia diluído em dilúvios
faço a sonoplastia com trovões extraídos de raio x
e você estará lá, e você estará lá, pulsando numa fotografia

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

MINHAS DORES DE TWITTER

Meu corpo encobre os fios dos faróis dos carros velozes
Já sinto no asfalto o suor da minha pele fria
Mas não sinto nada
Além de uma confusa sensação de saturação e vazio
Minhas digitais tocam o sino de um relógio antigo na estação de trem
Recorro aos velhos coretos para cantar minhas dores de twitter
Meu rosto sem perfil transita em uma imensidão de inexistentes redes sociais

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Um blues antigo para Amy Winehouse

Ao por do sol
Homens de preto
Cantarão à sombra do seu corpo
Um blues antigo
Rasgando com a voz a tarde que vai longe
As lágrimas já secas
Trarão ao rosto de cada um
Uma calma opiácea
Quem sabe um dia encontraremos o caminho para casa
Quem sabe um dia nossos pulmões e ossos não estarão doentes?
A tarde de um sábado será tão serena
Deixemos a dor ao piano, ele sabe o que fazer com ela
Deixemos dançar ao piano, a dor que baila tão bela
A deixemos só
Você encontrará o caminho de casa com as lágrimas já secas no rosto
Você ainda precisa sussurrar
Essa sua voz toma a sala deixando tudo à meia luz
Encobrindo feridas na face
Encobrindo feridas