quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

DO CHICO, O GURI






ILUSTRAÇÃO: GARDENIA DULTRA



DO CHICO, O GURI



Cheguei na quebradeira, de zueira.



Cheguei de sangue nervoso, calor pavoroso dos trópicos distópicos sem essa de alto astral.



O verso rápido, o ritmo pesado, mas pode ser lento.



Sou aquilo que você sonhou nunca mais ver.



Olhaí, olhaí. Aquilo que você sonhou nunca mais ver.



Os trópicos distópicos, fervura, chapa quente, mais de 40 graus.



O que tá na tua cara, mas só Levi Straus é quem te escancara.



A tua anti-tupy-europa, teu espelho, teu mal.



Vou na suingueira, de zueira, quebradeira.



De requebrado, escrachado.



Sem bandeira, de zueira, o teu reflexo, o teu mal.
Sem bandeira, o teu reflexo, o teu mal.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

carnaval simulacro

Ilustração: Gardenia Dultra

O colar dos "Filhos de Gandhi" inspirando o marketing promocional da skol, amarelo e laranja no pescoço de desbravadores temporários de uma vida apreciada em um barco Nautillus: Verne por Barthes.

A velha mamãe sacode substituída por infláveis fálicos com propaganda do Bradesco, útil ou agradável? Que importa!

As tranças dos negões agora na cabeça de uma classe média que não se pode dizer branca, mas sim, inexpressiva, o que é comprovado nas milhares de repetições dos mesmos refrões, forçadamente ouvidos com surpresa ano após ano - "toda boa, toda boa, tooda booooooooooa".

Agora, são as cinzas. A cidade tá chapada. Começar o ano, definitivamente, apostando em quê? Esta cidade... pequenas hecatombes diárias...

Micro-carnavais simulacros nos rondam a carne.

Um café, um livro, um ansiolítico pra dormir daqui, fugir daqui, tentar pensar longe daqui. E esperar que passe.