terça-feira, 25 de janeiro de 2011

EU TAMBÉM QUERO AJUDAR

Não costumo dar esmolas nem me compadeço com a miséria alheia com ações assistencialistas. Existe forma melhor de combater os efeitos nefastos da fúria da natureza - é não provocando a nossa nem tão doce mãe. Quanto mais pobre é o cidadão, mais exposto está às chuvas e inundações, por exemplo. Você já imaginou Silvio Santos, Daniel Dantas, Eike Batista pendurados no telhado, ilhados pela chuva esperando o resgate? O Estado brasileiro é irresponsável e inoperante - quantas moradias em áreas de risco estão à espera de um grande milagre? Já passamos dá hora de nos vangloriar por sermos um povo solidário, solidariedade de verdade é evitar tragédias, essa nossa demasiada "solidariedade" atesta a nossa probreza diária. Eu não quero participar dessa campanha.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

República de Bananas, câncer e outros venenos.

A vida é realmente um paradoxo. As pessoas costumam dizer: "fulano desenvolveu um câncer", tratanto do que a psicanálise chama de formar sintoma, ou seja, o que não é manifesto, o corpo recalca e volta como sintoma, o câncer seria isso. O inusitado é quando fulano ou beltrano já com um câncer em fase adiantada, a pessoas, a mídia principalmente, costumam dizer "fulano luta contra um câncer". O raciocínio é engraçado (!) - temos o "trabalho" de desenvolver um câncer por anos e depois lutamos contra o que produzimos. Porca miséria! Por isso que o tiozinho existencialista lá dizia - "o ser humano está fadado à liberdade". Fazemos, depois pagamos, sempre.

Na primeira segunda de 2011 um amigo de infância morreu em acidente de avião, tá bom, não era lá um aviãããooo, era um teco teco que servia para jogar agratóxico em bananais no norte de Santa Catarina. O sonho dele era ser comandante de bordo, não conseguiu, teve que sobrevoar a República da Banana jogando veneno - morreu do próprio sonho. Binho, herói ou iludido?

Por falar em veneno, o Big Brother Brasil começou. Deveria se chamar Big Brother Babilonia, tamanho é o exagero sexual. Fiquei vendo o perfil de cada um: modelos, dançarinas, loiras e mulatas profissionais, tem até um baiano que faz jus a todos os estereótipos que nos dão, ou seja, o cara é um daqueles típicos macacos de auditório, falador, sabe "quebrar" a cintura e é, digamos assim, um sujeito simpático e cordial. São esse os tipos da voga.

E eu fico cá pensando: como andam lá os nossos professores? O MEC agora tá fazendo uma propaganda para incentivar as pessoas a se tornarem mestres. Hum, tamanho é o nosso prestígio.

Ao atravessarmos a rua temos apenas dois lados. Cuidado, sempre.

O filme Cyrus dos irmãos Jay e Mark Duplass (2010, EUA) é tão singelo quanto belo e de um humor radicalmente sutil. Jonh (Jonh C. Reilly) é uma escritor free lancer que se separou da mulher e leva uma vida morna. Em uma festa que ele foi a pedido da ex, o desiludido Jonh, depois de uns drinques a mais, empolga-se com uma música e faz aquele velho papel do bebum - chamar a uma platéia refratária para dançar, mesmo sendo rechaçado e ridicularizado por todos. Jonh faz piruetas, mas ninguém parece se compadecer com o espetáculo dado por ele, exceto Molly (Marisa Tomei). Mesmo desajeitado, com uma cara inconfundível de perdedor, Jonh tem lá seu charme identificado por Molly. Os dois passam a ter um romance, mas Molly já tem um homem em sua vida - Cyrus (Jonah Hill), seu filho, um adolescente infatilizado que alega sofrer de constantes crises noturnas de pânico. Jonh vai descubrir que boa parte das crises de Cyrus são tentativas desesperadas de trazer a mãe com exclusividade para junto de si.


O filme oscila entre o trágico e o cômico. Trata das tentativas desesperadas do sexo masculino de conquistar as mulheres - mães, parceiras, amantes. No fundo, os homens são como crianças pedindo a atenção de uma mulher.


Jonh e Cyrus que o digam.