terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Sonhos pirateados





Quando meu corpo vai incorporar tantas novas tecnologias?

E falar melhor e agir melhor?

Quando a minha mão irá se libertar de escritas e versos vencidos?

Mas o tempo é uma bomba relógio

Vago em cacos, catando restos de sonhos

Minha pele arde em Antiguidades

E os meus amores fortuitos roubam frutas em esquinas sem concreto

Fico sem registro de memória

Falta registro de memória

Sonho com aperfeiçoamentos que não vêm

Diários que escrevo no esquecimento são a prova disso

Abstinências e álcool fazem baladas e vendem muito bem

No balcão das minhas emoções, afeto é um cartão postal

Que ouço num filme pirateado aos milhões

Fora isso, o que quero está tão fácil

À mão, como qualquer coisa no supermercado

Como mais um filho da Jolie e do Pitt

Como caminhões acidentados na Salvador-Feira

Como mais uma infância vendendo balas

Como mais um adulto cuspindo sonhos junto com chicletes.
01.11.07

01.11.07

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Ao esquecimento,um brinde!

Um brinde aos fakes e seu milhares de perfis e labirintos de identidades virtuais.
Um brinde aos hospitais públicos
E à guarda nacional
Um brinde aos fogos de artifício disparados como trombetas nas lajes dos morros
E em aeroportos clandestinos
Um brinde à BR-101 e aos caminhoneiros e à pressa em tranportar nossos espumantes, queijos do reino e chesteres e porcos defumados
Tim tim ao coral de ceguinhos e crianças órfãs
E à vaidade filantropa assistencialista do clube das velhinhas artesãs
Um brinde ao décimo terceiro e aos capeões de vendas
E a prestações de carros casas comidas corações
Mais uma taça às nossas certezas
E aos tiros disparados pela classe média em nome da paz
E a quem morreu na cruz para nos dá-la
E brinde também aos meninos na rua
E às cadeias superlotadas
Um brinde ao esquecimento e ao zelo e rituais que temos em celebrá-lo