segunda-feira, 14 de abril de 2008

gritando sem voz

acordo madrugada quente e penso em correr
mas o sonho é mais forte
meu corpo responde com lobotomia a suas próprias demandas
meu corpo descamba para ausências infinitas
e se redime cansado das ladeiras que fujo escapo de enfrentar
há dinheiro pregado em pequenos balões fugitivos por toda parte
martelos pesados doem mais na cabeça que no pé
os bem humorados sabem bem como fugir
o amargo do estômago não me deixa rir
meu humor amargo não me deixa escapar
das garras possessivas da Grande Águia do Tédio - a entidade maior
alguns loucos têm poor hobby os filhos
os loucos cuidam dos seus brinquedos como visgos
matar a maternidade paternidade pra melhor olhar a vida
sem essas casinhas de brinquedos tão familiares - tão dura doce prisão
leite infeliz que alimenta sofrimentos brancos
qualquer inocente quando preso torna-se vilão
a prisão vilaniza, pois ela pressupõem a posse da chave na mão de outrem
precisamos roubar as chaves
ou precisamos arrombar as grades
ou elaborar qualquer outro plano de fuga
coisas que fazem do prisioneiro um infrator de leis
ou prisioneiro mantem-se ou perseguido torna-se
da guilhotina e da prisão Julien de Sorel não se deixou escapar
era o vermelho e o negro
o corte e a ferida
quando consigo rir do sangue que escorre me sinto melhor
do resto, é só cansaço.

24.03.2004

Um comentário:

Ernesto disse...

Isso sim é perturbador.

Borderline mesmo.

Parabéns. Você soube expressar seu desespero com toda a visceralidade.