sexta-feira, 11 de novembro de 2011

rasgava a cidade ao meio
sustentando com as costas seus restos
embalados em sacos pretos
bicicletas rosinhas
logo estariam junto a amontoados de preces
e feijão moeda de troco e nada mais
não tinha o que declarar
uma palavra desdita
é como declaração de morte imediata
os pés rachados da mistura que ficou do seu caminho
calor, lama e cacos de vidros repisados
causava estranheza por não acreditar na palavra amor
e como é que poderia acreditar
em dias que só prometiam mais restos de sacos, latas e plásticos
sua vida a vender garrafa pet
ele sabe do luxo por cachorro pet
comercializando felicidade por cinco reais
e crack, e cidade rachadura
e cidade baixa
e cidade alta
altas horas, segue ele seguindo sacos pretos
seguido de cachorros e uivos
a cidade chove e ele a desafia
a seguir morrendo por mais um dia

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