segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

andar às margens dos teus rios, salvador

andar às margens dos teus rios, salvador. sentindo o agressivo odor das tuas águas mortas. plásticos devoram peixes, enquanto meninos pirateiam sexo, mentiras, e outras histórias mal contados no intervalo entre tuas passarelas que separam um lugar do outro. o grito de propaganda desce pela guela abaixo daqueles que anunciam pregões dos produtos da china. a tua globalização chegou assim, no teu arrocha àqueles que tiveram que aprender a manipular a tecnologia na tora; na tua negação àqueles que aprenderam a produzir com a reprodução, a cópia da tua esmola escolar, do desprezo elegante dos teus intelectuais aos que estão fora dos curriculos lattes. andar às margens dos teus rios, salvador, é sufocar no teu calor e ter uma sede insaciável. é ver nos viadutos clarões que estalam no crack da tua mitologia - seja católica ou pagã. andar às margens do teu rio, salvador, é navegar pelas tuas mentiras que insistem em esconder as tuas dores.

Um comentário:

Anônimo disse...

E assim sustenta-se o mundo entre mentiras e estigmas, entre a aparência e a ruína de um sistema falido, gerado por um mundo doente.



M.R.