sexta-feira, 12 de junho de 2009

LUGAR


ONDE ESTOU QUANDO NÃO ESTOU? O NÃO LUGAR TEM SIDO O MEU LUGAR. UM LUGAR SEM NOME. SEM VIZINHOS, SÓ TANGENTES, OUÇO LATIDOS AO LONGE, CRIANÇAS GRITAM BRIGAM BRINCAM E CHORAM ... TÃO PERTO... TÃO LONGE. MÁQUINAS CONTINUAM FURANDO E TAPANDO PAREDES, HOMENS DESTROEM ANTIGAS CASAS E ERGUEM PRÉDIOS FUNCIONAIS... ESTOU LONGE...PERTO, NÃO ESTOU E DEIXO UM RISCO NO CHÃO, UM SULCO, UMA CRATERA, DEIXO PISTAS, ALI, QUEM SABE UM DIA DESCOBRIREI QUE LUGAR É ESSE?




3 comentários:

Goethe disse...

Esse é um dos seus melhores poemas. E diferente: tão curto e pesado que só vem em maiúsculas.

Todos nós somos uma multidão de solitários. “A Multidão Solitária” é o livro dos anos 50 que revelou esse fato da vida moderna.

De fato, estamos perdidos num labirinto existencial. Sabemos a localização geográfica, mas não sabemos para onde ir, aonde vamos chegar.
Setas indicando caminhos errados / Chegar só é possível de olhos vendados...

Heine disse...

Eis a minha passagem preferida:

“ONDE ESTOU QUANDO NÃO ESTOU? O NÃO LUGAR TEM SIDO O MEU LUGAR.”

Pesado e abstrato ao mesmo tempo. Forma simples, conteúdo complexo.

A descrição do ambiente remete aos sons do cotidiano, sobretudo em nossos condomínios.

“con-Domínio” diz tudo... você nos inspira...

A citação de Wenders é adequada á nossa solidão, ao desespero frustrante da condição humana.

Sim, você deixará sua marca nesse planeta – e na verdade já deixou. A descrição imagética também é poética, musical, elegante: “PERTO, NÃO ESTOU E DEIXO UM RISCO NO CHÃO, UM SULCO, UMA CRATERA, DEIXO PISTAS, ALI, QUEM SABE UM DIA DESCOBRIREI QUE LUGAR É ESSE?”

Num mesmo movimento, o texto na mesma frase passa da poesia para a prosa, da afirmação ao questionamento filosófico.

A interrogação final é um alento de esperança. Ainda que vã. Ainda que aos outros pareça uma vitória vazia. Mas um dia saberemos nosso lugar no mundo.

Schiller disse...

A foto foi muito bem escolhida. Reflete perfeitamente a sensação do peso da solidão e do vazio acima esmagando a cabeça baixa, mas simultaneamente altiva.


A imagem da nobreza. O rosto oculto é um enigma, mas o semblante pode ser o de qualquer um de nós.


E até a estética é apuradíssima: as trevas da noite no ambiente de árvores, a roupa azul / blue / tristeza – bela, melancólica, poética.


Comovente, de fazer pensar e sentir. Reflexiva e bela. Escolha perfeita, miss Dultra.