terça-feira, 21 de abril de 2009

CANTIGA DE AMIGO ANTI-HERÓI

Vem meu amigo, anti-herói, o clarão lá na frente é só um incêndio nesta cidade da última parada do trem. Aqui saltaremos, sem nada nos bolsos, sem nada nas mãos, sem nada no coração. O dia já está perto de amanhecer, quem sabe, encontraremos uma casa velha abandonada para repousar um pouco, só um pouco, pois eu sei que o dia já vai amanhecer nesse aí que logo logo nos encontraremos. Hei amigo, daqui é melhor, eu sei que agora eu finjo confundir as gotas da chuva com as suas lágrimas só porque um dia prometemos um pro outro que íamos aguentar forte. Mas, porra, já jogomos tudo isso fora, e o dia já está quase engolindo tudo, e lá na frente há uma clarão que assusta mas é só um incêndio nesta cidade da última parada do trem. Estamos tão soltos e os nossos sorrisos são tão leves que até parece que por aqui não tem gravidade, que nada mais tem gravidade. Não, não, não espere a poeira que remói o vento agora o teu rosto rebater. Agora, nada, só mesmo uma casa velha abandonada pro dia amanhecer.

O que faz daquele que caiu tão genial e essencialmente superior aos demais é saber que não existe nada de divino nem substancial, fundamental no humano, o homem são caixas vazias dentro de caixas vazias dentro caixas vazias...

E, ainda temos um cigarro, fósforos e um pouco de água será tudo ... serão nossos últimos pedidos, vendo daqui a cidade ruir...

Um comentário:

Christiane F disse...

ESTOU ORGULHOSA DE VOCÊ, GARDEN.Só com sentimento se esmaga esse mundo podre.


E eu também raspei a cabeça nos anos 80.


...


Quando vejo essa porra toda ruindo vindo tudo abaixo, não sei se rio, sorrio ou gargalho. se fossem os edifícios de escritórios desmoronando... seria MAGNÍFICO....


(chuif...)


É tudo tão belo.. e tão triste...


olha só, você me fez chorar, sua
puta...


você é foda... obrigada.


...