quarta-feira, 3 de março de 2010

INCONCLUSO E FRUSTRANTE

Tire a camisa de força.
Quero a liberdade, sou apenas um louco.
Ponha uma camisa de força,
Não agüento a liberdade, sou um louco.
Atire o preço de cada praga que se escolhe.
Faça uma liquidação em praça pública.
Solte todas as grades das feras,
E faça delas protagonistas de propagandas de margarina.
Arrume a casa e não esqueça o principal:
estraçalhe na parede as flores do vaso.
Em seguida, faça alguma coisa pelo nosso amor, dê um tiro bem dado no televisor.
Rasgue sua cara no espelho.
Cuspa o que sobrou no prato e decore com ervas frescas.
Bote preço na sua dignidade, quero comprá-la,
e largá-la num canto como um livro não aberto;
é apenas um capricho
Também estou aprendendo com os tubarões:
a cuspir e escalpelar na hora da sobremesa.
A refeição principal é o riso das torturas que se farão a seguir.
Mande alguém atrás de mim,
mas sem flores, obrigado.
A sua vil delicadeza já fez o necessário estrago.
Agora perfume-se no melhor francês,
esteja bela para o feio, o sujo, o perverso.
O fim é assim inconcluso e frustrante

O8. 04. 2004
GARDENIA DULTRA

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