
poesia, futurismo, melancolia, psicanálise selvagem, automatismo psíquico, pulsão de amorte, blue note, rebeldia, paraísos artificiais, placebos verbais, iconoclastia, doença de escritor, plenos pulmões, utopias, distopias, desobediência civil, ruídos, dissenso, ser e estar, sim e não, clímax anti-clímax, xerox do aquário, bibelôs lunáticos, esquema chet baker, teimosia, arrogância, simplicidade, panfletos, nihilismo, omissões
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
fez castelos, desfez pesadelos e adiou muitos sonhos
ao lado de chumaços de cabelos, lama, restos de palhas de piaçavas de vassouras velhas, bitucas de cigarro devorados por adultos ávidos. passou uma boa parte da sua infância aí. imaginava tendas de circos e rodas gigantes domingo à tarde. sabia que pouco tinham preparado para a sua insurreição à terra. a pele esverdeada e um olhar de criança autista, tinha vindo do fundo, do lado do que se evita ver. aos gritos da manhãs aflitas alentava pedindo um pouquinho mais da segurança transitória das cobertas sob telhados de amianto muriçocas famintas e histéricas e ventiladores empoeirados. ah, aprendeu a não desejar, a negar a presença do corpo que pouco sentia, apenas adiava, adiava, para outros dezembros. imaginava que tudo era tão fabricado quanto leite longa vida e vacas de presépio, ali naquele beco fez castelos, desfez pesadelos e adiou muitos sonhos. transitou a vida como uma boca que baba entre a repulsa e o mini desejo de açúcares e carboidratos.
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