
poesia, futurismo, melancolia, psicanálise selvagem, automatismo psíquico, pulsão de amorte, blue note, rebeldia, paraísos artificiais, placebos verbais, iconoclastia, doença de escritor, plenos pulmões, utopias, distopias, desobediência civil, ruídos, dissenso, ser e estar, sim e não, clímax anti-clímax, xerox do aquário, bibelôs lunáticos, esquema chet baker, teimosia, arrogância, simplicidade, panfletos, nihilismo, omissões
domingo, 16 de novembro de 2008
NO VIÉS DO ESPELHO
E em sua visão mais profunda mora uma insistente intolerância.
Calma, não sei se posso lhe amar.Calma, acho a "conquista" um saco. Pra se olhar no espelho não precisa estar acompanhado.
Não vou jogar fora alguns velhos escritos. Na parede da memória algumas lembranças me doem mais;é certo também o quanto paráfrases são necessárias.
Talvez, o melhor agora seja contemplar aquelas listras em blusas nas vitrines. Esperar alguma novidade, alguma moda.
Torcer pra que tudo esteja sempre bem.Quando o orgulho é o próprio umbigo, vale pouco qualquer outra vida.
Dentro do box, no banheiro,vou aplaudir qualquer outra neurose que eu tome como genialidade. Os pingos d´água vão molhar o chão do quarto. Vou sorrir a contento; lembrar o quanto é bom estar só.
Calma, não sei se posso lhe amar.
Calma, acho a "conquista" um saco.
Pra se olhar no espelho não precisa estar acompanhado.
... no viés do espelho escancara-se qualquer farsa ...
gardenia dultra, 1998.
A PERMANÊNCIA NO JOGO
Reconsidera suas mãos ao acaso. Retira-se da estrada que lhe é fatal. O caminho induzido é o não-ser. E agora não existe alegrias nem tristezas. Só algumas idades, cálculos, a métrica do passo. A contradança. A PERMANÊNCIA NO JOGO.
gardenia dultra, 2003.
GAME
O MEDO DA PERDA DO OBJETO VIRTUAL.
O MEDO VIRTUAL DA PERDA DO OBJETO.
OBJETO DA PERDA DO MEDO VIRTUAL.
OBJETO VIRTUAL DA PERDA DO MEDO.
PERDA DO MEDO DO OBJETO VIRTUAL.
PERDA VIRTUAL DO OBJETO DO MEDO.
jOGANDO COM AS PEDRAS.
ESCOLHA UMA:
LOTERIA E FOGO,
PERDA E MEDO.
A CABEÇA RI DOS ERROS QUE ELA COMETE.
A CABEÇA BERRACOM OS ERROS QUE SE REPETEM.
A CABEÇA GIRA COM OS ERROS QUE LHE REMETEM.
A CABEÇA É BERRO DOS ERROS QUE SE COMETEM.
A CABEÇA ERRA COM OS RISOS QUE SE REPETEM.
JOGANDO COM AS PEDRAS.
ESCOLHA UMA:
LOTERIA E
JOGO
RISO E FOGO.
gardenia dultra, 29.07.2003
domingo, 2 de novembro de 2008
METÁFRICA
déuMama África que me ensinou
A viver na superfície das veias profundas da dor
Mama África te quero bem
Teu bem, também, menino que chora no peito seco da ama
Mama África não tem volta
Açoitam no lombo de nego brabo
A aids e a pneumonia branca
Quizumba, calango, quilomboQue dançam de déu em
, de dor em dor
Bicho do chão, bicho da flor
Crioulo doido, crioulo bamba
Sapateando
Na fina flor do horror
Se essa dor ainda foi pouca
Se ainda lhe resta a inspiração
Se faz da morte uma criação
Não abusa, não abusa não
Que plantas irão surgir regadas por tantas lágrimas
SSA, 16/10/2001
Um Não Provoca Estranhas Sensações
A volta pra casa é fria
E meus filhos estão por toda parte
O vento sopra sentimentos desencontros e desencantos
Qual o melhor lugar para falar de amor
Para se expor, para apelar?
Vou querer estar só
Quando a ceia for posta
Não comentarei o sabor nem o prato
A dor provoca o silêncio
A solidão é silêncio
O louco dá a cara
O médico dá a mão
O monstro e sua bengala
O que será daqui pra frente
Quando um filho nasce morto
Quando um filho nasce torto?
O seu rosto deve ganhar a escuridão
Como um Quasímodo bem comportado e dócil
A espera da hora exata das migalhas que agora é o seu pão ?
Não terei Notredame para me refugiar...
Quem saberá o meu nome quando eu for livre?
Quem saberá o seu?
Março 2000
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Amplitude da Cela
Derrete palavras e emoções nunca bem processadas.
Minha garganta bichinhos de Amelie Poulin.
E algumas outras bobagens
Chama todos esses bichanos de rua e esses meninos de gozo rápido
E emoções nunca bem processadas assim
Com suas cabeças de panelas de pressão
Saio machucada, e hoje é uma terça quase segunda, onde torpores devem retrair-se
E a solidão, toooooooooooooooda, deve ganhar a amplitude da cela, do céu
Porque eis que o homem achou de bem dizer a solidão
Achou de pô-la no altar dos sentimentos nobres
E eu só quero vulgarizar dores, amores também,
Até pô-los à venda, comprá-los ainda mais
E me render à mercadoria que todos sempre fomos
Sem mágoas, se culpas
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Zele por mim, oh barco ébrio
Bahia, que não me sai do pensamento com seus enormes pequenos tormentos.
Cartões postais, e Pelourinhos,
E pedras irregulares que tantos negros sangraram para por nos seus devidos lugares
E hoje, pedras nos cachimbos de meninos também negros querendo um lugar
Um lugar não sei se tão devido assim
Pedras ainda vão rolar nas cabeças dos negros desse lugar
Bahia que não me sai do pensamento
As fitas desse Bonfim, "Oh zelem por mim"
Agora, algemam meu punhos numa alegria já mortificada
Eu já não sou desse lugar que não me sai do pensamento
Navio atracado na baía
Zele por mim Baudelaire
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
PARES PERFEITOS

O são jorge e o dragão. O daniel e os leões. O tom e o jerry. A pepsi e a coca. O cigarro e o café. O feijão com o arroz. O queijo com a goiabada. O romeu e a julieta. A polícia e o bandido. O esperto e otário. O médico e o monstro. A bela e a fera. O escroque e o ingênuo. O tirano e o submisso. O senhor e o escravo. O passivo e o ativo. O corrupto e o apolítico. A formiga e a cigarra. A noite e o dia. O desejo e o sabor. O medo e a coragem. As palavras e qualquer coisa. Qualquer coisa e um espelho.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
AS MELHORES CAPAS DE DISCO DE VINIL
Bom, ressalva feita. O espírito "Ernestiano" é o seguinte: vou fazer minha listinha das melhores capas de disco de vinil de TODOS OS TEMPOS (hahahahahahahahahahah). Esse TODOS OS TEMPOS é importante. Não, pera aí, fundamental; não, é esssencial; não, é CRUCIAL (hahahahahah).
Então vai lá.
Sex Pistols1977
O início da era punk. Para "estarrar" a P* da monarquia e da ilusão paz e amor.
Estilo, moda, efêmero, guitarras, sexo, política, o mundo nunca mais seria ingênuo.
Eu poderia dizer: "todas as capas criadas por Elifas Andreato, todas!!!!!!!!!!!!!!!!! são geniais". A Ópera do Malandro entra aqui só pela Geni (heuheueheheueueueheuhuehuehuehuehueueuhehueheuheu).
Velvet Underground and Nico (a bela louca)
Capa de, ninguém menos, Andy Warhol, tá santa(o)?! Simplesmente um dos pais do pop.
1967
Elis ReginaFalso Brilhante
1976
A capa "soa" como um "procura-se" do velho oeste. E é assim que devemos tratar esses falsos brilhantes, caçando, matando. Simbolicamente, é claro, não, vivo. Oh, meu Deus, tudo agora é propaganda, que m*, e eu que vivo disso? Sou uma desnaturada mesmo!
Não sei de quem é a capa. Por favor, quem souber, não morre, me diga, hahahahahahah.
Faixas:
Como nossos pais
(Belchior)
Velha roupa colorida
(Belchior)
Los hermanos
(A.Yupanqui)
Um por todos
(Aldir Blanc - João Bosco)
Fascinação (Fascination)
(Feraudy - Marchetti)
Jardins de infância
(Aldir Blanc - João Bosco)
Quero
(Thomas Roth)
Gracias a la vida
(Violeta Parra)
O cavaleiro e os moinhos
(Aldir Blanc - João Bosco)
Tatuagem
(Ruy Guerra - Chico Buarque)
Pink Floyd
The Wall
Ano: Ano de lançamento 1979
Não sei quem criou a capa, mas sei que o disco trata das neuroses causadas pela escola, igreja, pátria, indústria, AH E PELA GRATA FAMÍLIA, HEI MATHER!!!!!!!!!!
Beatles
Abbey Road (todas as capas desses caras são f* e referência até hoje, escolhi essa por ser a mais cercada de lendas: tipo Paul está descalço pois já estava morto, etc. Essas maluquices do mundo pop.
1969
Foto: Iain MacMillan, morto em 2006 aos 67.
Roberto Menescal (o cara era mergulhador, mesmo, quase não ia ao concerto do Carnegie Hall só pra pescar)1963
Layout da capa: César G. Villela
Fotos: Francisco Pereira
BOM, A LISTA É GRANDE, TALVEZ AMANHÃ CONTINUE, OU NÃO, HAHAHAHAHAHAH, BEM AO ESTILO CAETANO, É ISSO, OU NEM TANTO OU TANTO FAZ OU NÃO TOU NEM AÍ OU EGÜINHA POCOTÓ, OU SEI LÁ, ENTENDE?, OU PELÉ, OU MEU NOME É ZÉ PEQUENO PORRA! POR HOJE SÓ AMANHÃ FIU! OU, OPS FUI!







quinta-feira, 11 de setembro de 2008
CIDADE GLAUBER ME INSPIRA UM TRANSE
Meu coração vagueia cidade
Meus olhos lacrimejam reggae
Solto pipas com os pés pelas ruas de uma cidade finda
Repito refrôes e cerco loucos
Engulo chicletes
Faço listas para escapar dos otários, das polícias, dos bandidos
Dos que velam o meu corpo dizendo leviandades de amor
Dos que juram a minha alma - dar-se aí - a provérbios e palavras repetidas e sem nexo
Tenho tudo, menos medo
Mil angústias, menos medo
Menos medo é meu coração aberto
Alvo de um franco atirador de mazelas
Alvo
Menos medo
Não espero do amanhã o que cuspiram em meu passado
Nego, nego até o último instante que um dia negarei as minhas ofensas
Esta cidade não me inspira Caymmi
Esta cidade Glauber me inspira um transe
TENHO TUDO MENOS MEDO
terça-feira, 24 de junho de 2008
São João hip hop
Bandeirolas enfeitam a minha nostalgia
e Balaços abrem o dia-a-dia da realidade
Fria?
Aqui não se sente aqui
Meus pés jamais sorrirão por lugares que já não virei
e vejo todos os mitos em que acreditei eram mais fiéis que a verdade
segunda-feira, 9 de junho de 2008
domingo, 8 de junho de 2008
T_shirt
pelos males por onde navegam
anorexia bulimia hipocondria
quero saber em qual comunidade você navega
qual o site da sua dor?
qual a camiseta que vai vestir para lavar a sua alma?
sábado, 7 de junho de 2008
T_shirt
sábado, 24 de maio de 2008
Auschwitz alzheimer alcatraz
O meu tio tem 80 anos e anda dizendo que sente a falta dos pais
A mãe de uma amiga diz que sua boneca plástica está crescendo muito rápido
A minha amiga disse, com um sorriso nervoso, que escreveu na agenda: "comprar uma árvore", e jura nem saber do que se trata
Meu amigo disse que vai substituir o x que ele faz no calendário por bolinhas, talvez assim ele se dê melhor no jogo, é o que pensa
Minha amiga funcionária disse que quando tinha tempo não tinha dinheiro, agora que tem dinheiro não tem tempo
eu perguntai a ela : " e eu que não tenho tempo nem dinheiro?"
Ela quase sorriu e disse que eu era café-com-leite
Eu sorri de verdade e concordei, ela disse que eu concordava com tudo
e eu concordei
terça-feira, 6 de maio de 2008
A TRAGÉDIA É UMA TELEVISÃO DE PLASMA
e não era o tempo e o vento pois que o tempo era o vento
corpo espaço tremular de ares e redemoinhos
foi-se, um imperativo
forte, substantivo abstrato
gramáticas são línguas torpes
verdades sinônimos de quimeras
e a tragédia é uma televisão de plasma
nesses segundos por trás de um dia
uma segurança de aviões de pau brasil e barco a velas
Corpo lacre
04.12.06
UMA LUZ QUE CEGA
AQUI PERTINHO, TÃO LOOONGE
o cilindro mágico
eu sei que tudo é tão pouco
até o fim dos dias
e tudo que eu faço é em nome disso
Não que eu exija razão
Não que eu exija perdão
É só a vida que deve ser
E por não ter o cilindro mágico
hordas estão querendo me decaptar
Sem o cilindro mágico, hordas vem me decaptar
Entendo a mensagem: siga com a cabeça baixa!
Sedenta por um gabarito da impossibilidade
Mas eu sei, hoje é dia de errar mais uma vez
Feliz, agora estou, errar mais uma vez
terça-feira, 29 de abril de 2008
terça-feira, 22 de abril de 2008
AUTÔMATOS
e continuo com um assombro Lispector
prossigo pasma que nem a GH diante da barata
bem antes de mim elas já estavam aí – o caldo da vida a perfurar crateras e sucumbir gente
enquanto máquinas, furadeiras, motosserras
preparam seus exércitos de homens húmus
desejos de automação para construir vidas, infernos
e essas coisas que não param e talvez nunca vão parar
sempre no canto o traçado da geometria
vai vazar, vai sangrar e são nas bordas onde as pessoas vão estar
forçando contagens regressivas vinganças
e nêmeses estelares brilhando e acenando frenéticas
meu próximo passo será o teu passado
a perfeição é genética da alegoria do controle
o controle é o desespero de quem ordena, o desespero é a máxima certeza do erro
Volta super rápida de trás pra frente
O horizonte seguia até a moto
Que transportava estradas
O corpo emoldurava invólucros
Até cidades construir tijolos
Anões carregando gigantes
E raízes brotando sementes
Velhos tronavam-se crianças
E dinheiro chegando até a mão
E a gaveta guardando roupas
Até meu corpo despi-las
A involução do Katrina
O velho blues tocava na esquiva
Onde mijos construíam cachorros
No ar, o tapa na cara
Atrás do coração uma palavra boba
Onde postes seguravam mijos
E o latido ia pra boca do cão
No ar a cara no tapa
O desencontro atrai uma palavra boba
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Como no vento
o vem nem sempre vai
o vai e vem
meus sentimentos soltos
nem sempre livres
mas a luz do dia há de mostrar todas as novas possibilidades
sem sustos do susto
entre surpresas
e uma certeza: não há mais tanto tempo para ser triste.
28.08.2006
distanciando
há aqui uma coisa a mais, uma tristeza, uma prostração, um desencanto
um dia, esperei chegar (foi longa a espera...)
e quando aconteceu, me atirei veloz
pensei que isso fosse me fazer acertar mais
escondi certas mazelas
ate sonhando com o presente
agora, quando uma ausência mostra toda a sua intensidade
não sei se nego, não sei se afirmo
é como um faz-de-contas de mal gosto
uma previsível brincadeira de playground
e quem está do meu lado tem isso como trunfo: em suas mãos as minhas vísceras, o meu pulsar
eu sou um trunfo, um brinquedo, um jogo de azar
mas eu também dou de rasgar máscaras e vestir outras máscaras,
e, se no jogo, o lance é não terminar
pus ali um ponto, e dobrei a esquina
ainda tenho muito a acertar comigo mesma
quinta-feira, 17 de abril de 2008
dói pela perda dói pela falta dói simplesmen

dói pela perda dói pela falta dói simplesmente
sensações de tapa na cara quando o que se tem do outro
são condicionais de um amor incondicional
e apostas altas ropendo espaços sagrados
vou tentar aprender a lidar com a ausência como uma leve saudade
e deixar de pensar "como você não soube cuidar da pessoa bacana que sou eu?"
pois que eu nunca soube também
nunca quis olhar no espelho e reconhecer minhas falhas
19.12.2006/16.04.2008
Incelência para o novo amor
terça-feira, 15 de abril de 2008
Autocensura
mas não acredito que haja só clarão
como ela um dia quiz me dizer
fugindo a qualquer custo da dor, fez sofrer muito mais
as ventanias tão intensas que essas brisas escondem
são como um estado de alerta
mas o alarme nunca vai soar
e quando saberemos que estamos em perigo?
não queira se esconder, há um claro-escuro
minta, mas minta só pra você
jogue tapetes sobre o chão
pinte as paisagens com flores de plástico
enfeite seu quarto com sorrisos senis
e tente dormir tranqüila
o prólogo diz: "paira no noite as incertezas velozes, vespas sobrevoando bocas, crianças correndo loucas"
aqui você não verá apenas o visto na tevê
aqui você não apenas o visto na tevê
boa noite, boa sorte
Rouca
nada que tivesse sentido
soube fazer acalmar
já ouvi tim maia
já rasguei a cara
já caí no chão
segunda-feira, 14 de abril de 2008
gritando sem voz
mas o sonho é mais forte
meu corpo responde com lobotomia a suas próprias demandas
meu corpo descamba para ausências infinitas
e se redime cansado das ladeiras que fujo escapo de enfrentar
há dinheiro pregado em pequenos balões fugitivos por toda parte
martelos pesados doem mais na cabeça que no pé
os bem humorados sabem bem como fugir
o amargo do estômago não me deixa rir
meu humor amargo não me deixa escapar
das garras possessivas da Grande Águia do Tédio - a entidade maior
alguns loucos têm poor hobby os filhos
os loucos cuidam dos seus brinquedos como visgos
matar a maternidade paternidade pra melhor olhar a vida
sem essas casinhas de brinquedos tão familiares - tão dura doce prisão
leite infeliz que alimenta sofrimentos brancos
qualquer inocente quando preso torna-se vilão
a prisão vilaniza, pois ela pressupõem a posse da chave na mão de outrem
precisamos roubar as chaves
ou precisamos arrombar as grades
ou elaborar qualquer outro plano de fuga
coisas que fazem do prisioneiro um infrator de leis
ou prisioneiro mantem-se ou perseguido torna-se
da guilhotina e da prisão Julien de Sorel não se deixou escapar
era o vermelho e o negro
o corte e a ferida
quando consigo rir do sangue que escorre me sinto melhor
do resto, é só cansaço.
24.03.2004
tocar o sol pra aquecer meu corpo longe
vai pluma branca arrebata e bate a cara dessas meias palavras que estou tão farta. Farta do meio campo: metade corpo, metade máquina. carne moída é como máquina, produz dinheiro e produz triteza, produz bem estar e maldição. não vou mais recusar tocar o sol para aquecer meu corpo longe.
Quá, quá.
(Dias D´Avila, 05.07.2005)
sábado, 12 de abril de 2008
Old years
heuhuheuehuehehehuehuheuheuhu
Já postei (sic)
terça-feira, 8 de abril de 2008
fantasmas! belas companhias!
doenças ou tiros, melhor, quiçá!
vamos brincar de roda, outra, talvez
esquizofrênicos estão vivos, melhor pra quem?
aceito drogas nas veias, na testa, pânicos e sustos, desde que sejam dados com luvas brancas
mais quá, foi minha mãe quem disse, e eu acatei, ora bolas
vejamos, vamos brincando
tenho irmãos tão longe
e seleciono pestes - mais uma vez
esse prazer me atrai, ou tanto faz
não concordo nem discordo, muito pelo contrário
quem já dizia?
choro, mesmo antes de estar rendida - choro rendida!
no meio de gente que só segue em frente, e nada mais!
anestésico perfeito, orvalho, flores para enfeitar rotinas
um macio leito repouso que não pergunta horas
e os fantasmas, fiéis companhias, alimentam a alma, e congelam o frio
maquinas de palavras tortinhas
Ponto final sem tempo
a árvore sem folhas repousava em suas asas
tijolos sobre tijolos
e cascalhos escorrendo eras pelas fendas da terra ...
...o sangue só pára no ponto final do tempo...
Fazenda Paraíso, 21.06.2003
terça-feira, 1 de abril de 2008
Cidade Vazia
Se isso tudo foge de mim
Agora não me preocupo em buscar
Sigo
Já me acostumei a ouvir promessas e acreditar
O meu corpo é só corpo
Mas disso vem todas as implicações
E inexatidões
As punições virão sempre - quase óbvias
Cortando a carne
Mas também é assim que me faço melhor
Mas não vou fazer da falta o meu excesso
Não vou consumir o excesso até a falta
Já não me encarrego mais do que não é meu
Burguesa?
Individualista?
Primata!
Já não tenho medo de assumir
A sua máxima vaidade é isso negar
Eu, sem medo da floresta e só
Sem medo de mim
Sigo
Sei que o destino das coisas foge
Não me assusto mais
(09.10.06)
Cidade Vazia II
Esqueço da chuva e saio por aí assim mesmo, sem guarda-chuva, sem proteção
Esqueço também das minhas vulnerabilidades - não são poucas
E caminho a esmo, c-o-n-f-o-r-t-a-v-e-l-m-e-n-t-e
Com essa palavras, lâminas lambem a carne
Ódio do meu ódio
Amor sem perdão
Sem convite para outros confortos
Árida, mas talvez nem isso
Menos marcante que o meu próprio conceito de mim mesma
Esquecida nos seus olhos confusos
Os meus erros marcados nos seus olhos confusos
(16.10.06)
Cidade Vazia III
A Cidade amanhece calma
Meu coração bate sossegado em um outro ritmo
Posso ir percebendo cada elemento que se encena ainda numa cidade de máscaras leves
Eu também estou mansa, sem nenhuma droga, a falta de sono me sublima
Eu passeio planando "barco ébrio", grito pra mim mesma:
"Esta cidade não vai me devorar".
É um povo pobre, que corre atrás de certidões e documentos
Que ocupa filas e não, postos
E traze crianças choronas calçadas em sapatos apertados e que mijam na rua e comem cachorros quentes salmonelas nas passarelas e se abrigam em marquises e em "sombrinhas" de alguns trocados.
Contrastam alguns poucos homens de negócios, talvez Pachecos ou Palhares, Badarós, os mesmos que me aguardam pra daqui a pouco eu tirar mais um número pra minha identificação.
(19.03.2008)
Cidade Vazia IV
Se eu fosse um asteróide
Lá de cima me veria
Me assustaria, apavoraria com a minha figura?
Andando em ruas estreitas duma cidade ensolarada e caótica
Tentando, tentando encontrar um caminho
E lá de cima, tão facilmente, o asteróide vê os meus caminhos possíveis com a descontração de quem resolve aqueles joguinhos do tipo " ajude o coelhinho chegar até a cenoura",
Ele, o asteróide, riria, se irritaria com tantas burrices cometidas por mim.
Ele "pensaria" alto como uma criança entusiasmada diante do vídeo game: "burra, não tá vendo que aí vacê bate a cara na parede"?
Mas eu não pararia, continuaria com a minha carne borracha a bater,e estender e encolher e entre brechas viver.
O asteróide se espatifaria e entre as brechas do meu caminho/vida e os verbos futuros e pretéritos se depositaria,, como quem entra na história e quer ajudar o personagem lhe prevenindo contra alguma iminente cilada.
A quem caberá julgar o melhor enredo, personagens?
domingo, 30 de março de 2008
Porque continuam inqueitas as palavras que nunca surgirão
escurecimento
esqueceridão
escuridecer
escurecer
A hora não tem hora para aparecer. Fico indecisa se o que há é o infinito ou o eterno. Quais motivos me darão pessoas de daqui a 300 anos? Como me verão? Pensei em tudo, só não nas iimagens de palavras esquecidas. Idas e vindas voltarão. Porque continuam inquietas as palavras que nunca surgirão. 30.05.2003
DESAMPAROS II
O rumor de que nada mais havia ali
Qualquer informação a mais eram pílulas e pedidos demais seriam perdões
Quando perdeu ninguém sabe o quê,
Cortava a alma a dentro cordas de uma guitarra num quarto escuro
Entorpecia o ar, cinema noir
Um crime contido para cada dia
Fazia calor, quando ela sentia frio
Sentia dor, quando ela fazia amor
rumores, rumores, rumores ...quandoi ela queria sussurrar ...
... e era mesmo preciso esperar ... para ouvir sua infinitas monossilábicas súplicas
E eu fiquei
Eu também não sabia quando parar
12.12.078
DESAMPAROS
Andariam para sempre de mãos dadas
Atávicos
Senti um frio na barriga
e os dentes travados
No mormaço de uma tarde deserta do interior
Ela vibrou com o meu desespero diante do seu desespero
Mas logo vi que aquilo era o seu brinquedo eterno
Fugi
E os seus olhos ainda procuram pelos meus
Alucinados?
segunda-feira, 3 de março de 2008
Mais do mesmo
A relação de abstinência não é a melhor resposta a dar à drogadição, pois dessa forma nunca deixa-se de ter uma relação especular com algo que vem devastador. E devastador nesse caso é a vontade, o desejo. O pior problema com as drogas é continuar desejando-as. O problema está na economia do desejo. A droga promete e cumpre: intensidade. Morte e vida em doses imediatas. Respostas imediatas. Distanciamento imediato.
E que o essa ritualística da drogadição tem que o transcorrer "natural" da vida não tem? Ou melhor, o que precisamos abandonar quando nos abandonamos no entorpecimento das drogas?
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
DO CHICO, O GURI
ILUSTRAÇÃO: GARDENIA DULTRA
DO CHICO, O GURI
Cheguei na quebradeira, de zueira.
Cheguei de sangue nervoso, calor pavoroso dos trópicos distópicos sem essa de alto astral.
O verso rápido, o ritmo pesado, mas pode ser lento.
Sou aquilo que você sonhou nunca mais ver.
Olhaí, olhaí. Aquilo que você sonhou nunca mais ver.
Os trópicos distópicos, fervura, chapa quente, mais de 40 graus.
O que tá na tua cara, mas só Levi Straus é quem te escancara.
A tua anti-tupy-europa, teu espelho, teu mal.
Vou na suingueira, de zueira, quebradeira.
De requebrado, escrachado.
Sem bandeira, de zueira, o teu reflexo, o teu mal.
Sem bandeira, o teu reflexo, o teu mal.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
carnaval simulacro
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Sonhos pirateados

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Ao esquecimento,um brinde!
Um brinde aos hospitais públicos
E à guarda nacional
Um brinde aos fogos de artifício disparados como trombetas nas lajes dos morros
E em aeroportos clandestinos
Um brinde à BR-101 e aos caminhoneiros e à pressa em tranportar nossos espumantes, queijos do reino e chesteres e porcos defumados
Tim tim ao coral de ceguinhos e crianças órfãs
E à vaidade filantropa assistencialista do clube das velhinhas artesãs
Um brinde ao décimo terceiro e aos capeões de vendas
E a prestações de carros casas comidas corações
Mais uma taça às nossas certezas
E aos tiros disparados pela classe média em nome da paz
E a quem morreu na cruz para nos dá-la
E brinde também aos meninos na rua
E às cadeias superlotadas
Um brinde ao esquecimento e ao zelo e rituais que temos em celebrá-lo