a fumaça levantou, deixando pra trás um rastro de sonho entorpecido de uma metrópole torta desviante de acidentes recorrentes de viadutos e seus ferros retorcidos. a fumaça levantou no quarto kitsch da lona vermelha da cama do motel barato e urros mecânicos de xoxotas televisivas. A fumaça levantou enquanto eu lembrei que não estava presente nos grandes marcos do século XX e que provavelmente não estarei nos do século XXI, e que por isso mesmo faço dessas ruas torpes o palco das minhas poucas glórias, e tento delas extrair todo o viço. a fumaça levantou, e eu acabei de seguir, e você nem sabe o meu nome e nem saberá. A fumaça é efêmera, mas ela se renova todo dia, e se levanta ...

poesia, futurismo, melancolia, psicanálise selvagem, automatismo psíquico, pulsão de amorte, blue note, rebeldia, paraísos artificiais, placebos verbais, iconoclastia, doença de escritor, plenos pulmões, utopias, distopias, desobediência civil, ruídos, dissenso, ser e estar, sim e não, clímax anti-clímax, xerox do aquário, bibelôs lunáticos, esquema chet baker, teimosia, arrogância, simplicidade, panfletos, nihilismo, omissões
quarta-feira, 18 de março de 2009
quinta-feira, 12 de março de 2009
ANJO FREUDIANO
ÀS NOSSAS CRIANÇAS QUE TÃO BEM CUIDAMOS, COM YOGURTES E LEITES PASTEURIZADOS, URSINHOS, E OUTRAS CHANTAGENS. TÃO BEM SERVEM À NOSSA FOME QUE URRA, À NOSSA DERCARGA DE SURTOS, AGORA PÁLIDAS. AS CRIANÇAS, NADA ANJOS, SALSICHAS DESSE NOSSO MAC DOG AZEDO DE CINISMO E TARAS. AS CRIANÇAS QUE POMOS NO ALTAR E JOGAMOS NA SARJETA. AS CRIANÇAS MONSTROS, AS CRIANÇAS PÁRIAS, AS CRIANÇAS PÂNTANOS, AS CRIANÇAS LOUCAS. AS CRIANÇAS QUE SÓ TEM CARAS NAS ESTATÍSTICAS - DE CRIMES, DE OBESIDADES, DE LIQUIDAÇÕES DE SHOPPINGS, DE NÚMEROS DE AUDIÊNCIAS.
E QUE AGORA ZELAMOS NAS CHACINAS, NAS FARRAS DE BOIS PEDÓFILOS, E EM TODOS AS CONTAGENS QUE NUNCA CHEGAREMOS A DAR CONTA, TAL COMO O SEGREDO DO MENINO CHORANDO APAVORADO BEM BAIXINHO NO ORFANATO DE PADRES.
2008/12.03.2009
E QUE AGORA ZELAMOS NAS CHACINAS, NAS FARRAS DE BOIS PEDÓFILOS, E EM TODOS AS CONTAGENS QUE NUNCA CHEGAREMOS A DAR CONTA, TAL COMO O SEGREDO DO MENINO CHORANDO APAVORADO BEM BAIXINHO NO ORFANATO DE PADRES.
2008/12.03.2009
CARNÊS, CLICHÊS E PROMESSAS DE TANTAS CAVERNAS
Ela vai tentando ser feliz sem creme de pentear, tendo como espelho a mãe e seus carnês - baús televisivos. De brindes? Jogos e panelas de cozinhar emoções, deformando ruas em varizes, sonhos em deixas de caridades. Os sapatos gastos não servem como testamento, eles escondem passos ausentes, gestos ausentes, a felicidade principalmente. E eu ali, contemplativa, e não menos miserável, repito as crônicas de uma cidade provida por tubos mágicos, ainda. (31.03.08)
Eu pensei que o Bau da Felicidade, aquela coisa lá do Sílvio Santos, fosse uma quimera. Mas um dia eu vi, como quem vê um OVNI, uma mulher com a filha entrarem no mesmo ônibus que eu com uma sacola enorme com o emblema do "BAU". Elas tinham uma pele bem branca, quase vermelha. E estavam super mal vestidas. O primeiro pensamento que tive foi: "- as campanhas de S. S. são mais eficientes pra essa galera (a ninguenzada de Da Matta) que a publicidade de protetor solar". As criaturas tinham a pele do rosto visivelmente detonadas pelo excesso de sol. De resto, baixei a cabeça, e já nem sabia mesmo como estavam os meus cabelos e se o meu rosto ardia.
terça-feira, 10 de março de 2009
JAVALIS E CORDEIROS
Fiquei avistando o meu corpo daqui
Partindo junto com os javalis em disparadas
Arrastando cordas e cordeiros
Ao final, só seus corpos estariam a salvo
E alguns bobos ainda acreditavam se tratar de um lugar alegre
Partindo junto com os javalis em disparadas
Arrastando cordas e cordeiros
Ao final, só seus corpos estariam a salvo
E alguns bobos ainda acreditavam se tratar de um lugar alegre
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